16 de Maio, 2018
Professora Lucimar Freitas de Amorim e Amanda Pacelli
O movimento da luta antimanicomial está relacionado com a luta em prol dos direitos dos usuários e familiares dos portadores de sofrimento mental, sobretudo no que diz respeito à atenção digna dos serviços de saúde e inclusão sóciofamiliar. O movimento da luta antimanicomial tem como seu precedente o Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental, a partir das discussões sobre as condições inadequadas do sistema de saúde vigente no País. Com o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial surgiram debates, por exemplo, sobre a questão do reconhecimento da situação dos portadores de transtorno mental, Reforma Psiquiátrica e a execução de novas práticas em saúde mental com serviços abertos. Também levantou-se questões referentes aos seus direitos e da luta contra a exclusão, a partir da extinção gradativa dos hospitais psiquiátricos e reinserção dos portadores de sofrimento mental no ambiente social e familiar, e a efetivação de uma rede de atenção psicossocial.
O início do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil é contemporâneo da eclosão do “movimento sanitário”, nos anos 70. A partir daí diversas mobilizações e modificações na gestão e na atenção à saúde mental foram realizadas. Os movimentos sociais, inspirados pelo Projeto de Lei Paulo Delgado, conseguiram aprovar em vários estados brasileiros as primeiras leis que determinam a substituição progressiva dos leitos psiquiátricos por uma rede integrada de atenção à saúde mental. Essa rede é ampla e não se restringe apenas aos serviços de saúde mental, visto que o portador de sofrimento mental circula nos diversos níveis de atenção à saúde, bem como nos variados segmentos sociais.
Houve muitos avanços nesse processo, como a criação dos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), que concretizam outras formas de cuidar, utilizando da liberdade e criatividade, com uma visão integral dos usuários e participação das famílias. Merece destaque também os serviços residenciais terapêuticos, os centros de convivência e cultura, as unidades de acolhimento, os leitos de atenção integral, dentre outras possibilidades. Mas vale lembrar que nos moldes de hoje, não basta falar em extinção dos manicômios, tendo este como um modelo ultrapassado, que cerceia. Os atuais modos de cuidado em saúde mental, devem se diferenciar da antiga visão hospitalocêntrica, havendo protagonismo dos profissionais, portando de uma visão atualizada e criteriosa em relação às políticas públicas, assumindo um posicionamento a este respeito, contando com a participação atuante dos usuários e suas famílias, em co-responsabilização do cuidado e participação social.
Psicóloga e professora nos cursos de Enfermagem e Psicologia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ubá (Fupac), Lucimar Freitas de Amorim, explica que a pretensão dos envolvidos no projeto no ambiente acadêmico, nesse momento, é realizar uma Mobilização e Sensibilização em prol da Luta antimanicomial "Pretendemos levar as pessoas a repensarem seus conceitos a respeito dos portadores de sofrimento mental e da inclusão sociofamiliar [...] a ideia surgiu de discussões em colegiado e durante a supervisão de estágio supervisionado na área da saúde" explica a discente.
O Movimento Antimanicomial tem o dia 18 de maio como data registrada no calendário nacional brasileiro. Lucimar conta que isso faz lembrar que "[...]não podemos retroceder nos cuidados em saúde mental e que é preciso mobilizarmos e nos sensibilizar para que a inclusão e o respeito às diferenças realmente aconteça no nosso cotidiano".
O evento tem apoio da FUPAC em parceria com os CAPS de Ubá, Visconde do Rio Branco e de Rio Pomba que trouxeram contribuições referentes aos trabalhos realizados. A psicóloga diz que são muitos os desafios em saúde mental "Esse assunto diz respeito a todos nós, seja na área social, da saúde ou educação" explica e completa "[...] na prática, é preciso informar a população sobre saúde mental, lutar contra a segregação e preconceito, fortalecer a rede de atenção psicossocial, dar voz e vez aos portadores de sofrimento mental e suas famílias, contando com o posicionamento dos profissionais frente as políticas públicas" alerta.
Serviço:
Evento: Conversa sobre Luta Antimanicomial
Local: Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ubá
Horário: entre 18h e 19h e 20h15 e 21h.